Em dado momento, personagem principal fala de um papa que arrancou os órgão genitais das estátuas do vaticano, fato que ficou conhecido como “a grande castração”. Este é o melhor termo para definir tudo o que o filme é em comparação ao livro. Sei que é clichê falar que o livro é melhor, mas esse se supera. O filme é de uma imensa falta de bom senso e linguagem cinematográfica, tornando Anjo de Demônios uma decepção. Das pessoas com quem conversei sobre o livro, todas adoram o inicio, tudo que o livro conta sobre o CERN, ciência x religião, anti-matéria, etc... O filme corta tudo sem pena, a anti-matéria serve apenas, como Hitchcock chamava, de “MacGuffin”, isto é, o motivo para a trama se desenvolver, mal é citado o fato desta ser a partícula de Deus, sendo algo tão bobo que uma bomba poderosa qualquer daria conta do recado. Um dos personagens mais intrigantes do livro, o diretor do CERN, nem aparece! No final, onde seu personagem faz parte de uma cena crucial com o chefe da guarda da suíça e o carmelengo, é substituído pelo chefe da guarda e este por um guardinha qualquer. Além de incontáveis mudanças desagradáveis em todo o enredo, cenas que marcam no livro e nem aparecem... personagens que perdem a importância... detalhes omitidos e mal contados, ainda há no filme vários momentos em que a péssima direção de Ron Howard grita, como cenas de ação sem nenhuma tensão, cenas de grandiosidade passando tão rápido que nem conseguimos notar a importância de todo aquele acontecimento no vaticano... enfim, quem leu o livro, e assistir com certeza vai odiar, quem não leu, pode até gostar do filme, mas aconselho a ler o livro depois. E para não dizer que tudo é perdido, o final do filme pra mim foi mais realista, sendo este um dos poucos pontos fracos do livro, onde se Indiana Jones soubesse diria “que mentira!”. Mais uma vez citando o mestre, Hitchcock dizia que não adaptava grandes obras pois como livros já eram uma obra completa, não havia como passa-las para o cinema sem perder coisas que só a literatura conseguia fazer, ou simplesmente faze-las “funcionar” no cinema sem ter que modifica-las drasticamente, por isso, ele apenas pegava argumentos, historias simples que ele notava que poderiam funcionar magnificamente no cinema e as reescrevia. O próprio Dan Brown deveria defender sua obra e evitar tamanha mutilação.
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