domingo, 2 de agosto de 2009

Anjos de Demônios - mais uma vez clichê


Em dado momento, personagem principal fala de um papa que arrancou os órgão genitais das estátuas do vaticano, fato que ficou conhecido como “a grande castração”. Este é o melhor termo para definir tudo o que o filme é em comparação ao livro. Sei que é clichê falar que o livro é melhor, mas esse se supera. O filme é de uma imensa falta de bom senso e linguagem cinematográfica, tornando Anjo de Demônios uma decepção. Das pessoas com quem conversei sobre o livro, todas adoram o inicio, tudo que o livro conta sobre o CERN, ciência x religião, anti-matéria, etc... O filme corta tudo sem pena, a anti-matéria serve apenas, como Hitchcock chamava, de “MacGuffin”, isto é, o motivo para a trama se desenvolver, mal é citado o fato desta ser a partícula de Deus, sendo algo tão bobo que uma bomba poderosa qualquer daria conta do recado. Um dos personagens mais intrigantes do livro, o diretor do CERN, nem aparece! No final, onde seu personagem faz parte de uma cena crucial com o chefe da guarda da suíça e o carmelengo, é substituído pelo chefe da guarda e este por um guardinha qualquer. Além de incontáveis mudanças desagradáveis em todo o enredo, cenas que marcam no livro e nem aparecem... personagens que perdem a importância... detalhes omitidos e mal contados, ainda há no filme vários momentos em que a péssima direção de Ron Howard grita, como cenas de ação sem nenhuma tensão, cenas de grandiosidade passando tão rápido que nem conseguimos notar a importância de todo aquele acontecimento no vaticano... enfim, quem leu o livro, e assistir com certeza vai odiar, quem não leu, pode até gostar do filme, mas aconselho a ler o livro depois. E para não dizer que tudo é perdido, o final do filme pra mim foi mais realista, sendo este um dos poucos pontos fracos do livro, onde se Indiana Jones soubesse diria “que mentira!”. Mais uma vez citando o mestre, Hitchcock dizia que não adaptava grandes obras pois como livros já eram uma obra completa, não havia como passa-las para o cinema sem perder coisas que só a literatura conseguia fazer, ou simplesmente faze-las “funcionar” no cinema sem ter que modifica-las drasticamente, por isso, ele apenas pegava argumentos, historias simples que ele notava que poderiam funcionar magnificamente no cinema e as reescrevia. O próprio Dan Brown deveria defender sua obra e evitar tamanha mutilação.

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